Cliff Asness, um importante investidor quantitativo, levantou recentemente uma questão intrigante: a mídia social interrompeu a eficiência do mercado de ações? Este tópico é particularmente relevante devido à recente turbulência do mercado e às flutuações drásticas em ações de tecnologia como a Nvidia.
Evolução da eficiência nos mercados
Historicamente, a eficiência tem sido uma meta fundamental em vários setores. Na manufatura, por exemplo, a eficiência é alcançada por meio de processos simplificados e tecnologia avançada, levando a uma produção mais rápida e custos mais baixos.
Na comunicação, tecnologias como o e-mail revolucionaram a forma como os trabalhadores de escritório interagem, aumentando a produtividade. No entanto, o caminho do mercado de ações para a eficiência tem sido menos direto.
Asness, conhecido por sua abordagem quantitativa para investimentos, argumenta que o mercado de ações pode ser uma exceção à tendência mais ampla de aumento da eficiência.
O conceito de eficiência de mercado, conforme definido pelo ganhador do Nobel Eugene Fama, é que “os preços refletem todas as informações”. Embora os avanços tecnológicos tenham de fato melhorado a velocidade de negociação e reduzido os custos, eles não necessariamente tornaram o mercado mais preciso em refletir as informações.
Velocidade vs. Precisão
O advento da negociação eletrônica na década de 1990 marcou uma mudança significativa em relação aos métodos tradicionais, mas a era atual de negociação de alta frequência opera em uma escala totalmente diferente. Com a explosão de informações disponíveis e sua rápida disseminação, a negociação se tornou mais rápida e competitiva.
Essa rapidez, sem dúvida, reduziu os custos de negociação, mas Asness argumenta que isso não melhorou necessariamente a precisão dos preços das ações. Em sua análise, Asness observa que, embora as informações afetem os preços das ações mais rapidamente do que antes, essa velocidade não garante a precisão.
As evidências sugerem que a precisão dos preços das ações diminuiu ao longo do tempo. Por exemplo, os spreads de valor — uma medida que compara os preços que os investidores pagam por ações de alto e baixo preço — se expandiram significativamente nas últimas décadas.
Historicamente estáveis entre as décadas de 1950 e 1990, esses spreads aumentaram antes da bolha das empresas que exploram a comercialização de serviços ou produtos na Internet e permaneceram elevados.
Embora essa medida possa ser distorcida por mudanças na composição do mercado — como as maiores taxas preço/valor contábil de empresas de tecnologia em comparação aos bancos — métricas mais sofisticadas elaboradas por Asness mostram tendências semelhantes.
Essas métricas, que respondem por várias definições de valor, indicam que encontrar razões justificáveis para os altos preços das ações de hoje é cada vez mais desafiador.
Impacto da mídia social
Asness oferece três explicações potenciais para o declínio aparente na eficiência do mercado, com a mais convincente envolvendo a influência da mídia social. Ele argumenta que a mídia social cria um ambiente de negociação volátil onde os vieses são amplificados e a negociação se torna ramificada.
A facilidade de negociação em smartphones, juntamente com a influência das plataformas de mídia social, promove um ambiente de mercado onde as decisões de negociação são conduzidas por exageros e respostas emocionais em vez de análise fundamental.
Esse fenômeno é ecoado por outros que observam que a mídia social transformou a forma como as informações e a desinformação circulam entre os investidores. O resultado é um mercado caracterizado por extrema volatilidade e movimentos erráticos de preços, conduzidos mais pelo comportamento coletivo do que por fundamentos econômicos subjacentes.
Além do papel das mídias sociais, Asness considera dois outros fatores. Um é o impacto de duas décadas de baixas taxas de juros nas métricas de avaliação. Com as taxas de juros agora em níveis reais positivos, a distorção nas medidas de avaliação que era mais aparente na década de 2010 parece menos relevante.
Outro fator é o domínio dos fundos de índice, que compram e mantêm carteiras de mercado amplo. Asness especula que a prevalência desses fundos pode ter diminuído a influência de investidores ativos que anteriormente orientavam os preços em direções mais informadas.
Conclusão
O artigo de Asness levanta questões críticas sobre a natureza da eficiência do mercado na era das mídias sociais e do avanço tecnológico. Embora a velocidade e o acesso à informação tenham transformado as negociações, eles não necessariamente aumentaram a precisão dos preços das ações.
As mídias sociais, em particular, parecem ter introduzido novas dinâmicas que interrompem os comportamentos tradicionais do mercado. À medida que os investidores navegam neste novo cenário, entender essas influências e suas implicações para a eficiência do mercado será crucial.